No
mês passado saiu o split Inflamar, que reúne 4 bandas de vertentes
do crust nacional com vocalistas mulheres.
Atualmente
existem muitas bandas com mulheres tocando no chamado underground
brasileiro e mundial. Porém o meio ainda é bastante masculino, e
isso não se restringe ao fato de ter mais bandas com homens do que
com mulheres, mas das consequências que um espaço majoritariamente
composto por homens implica.
Porém, além de ser resultante das oportunidades diferentes entre mulheres e homens em todos os âmbitos, a participação das mulheres neste meio é ainda por cima abafada, e ficamos com a sensação de estarmos em menor número do que na realidade. Parecem ser coisas que se contrapõem, mas o patriarcado é cheio de armadilhas. A nossa realidade é de que é absolutamente fundamental apontarmos que tal cenário é composto por uma enorme maioria de homens, e que isso precisa ser mudado, ao mesmo tempo que é determinante lembrarmos da presença e dos feitos das mulheres neste mesmo cenário. O reconhecimento do que nós mulheres fazemos é pequeno, quando existe. Não falo do reconhecimento como a necessidade de inflar o ego, mas como um reconhecimento de um trabalho, de um esforço, de uma criação. Além de que o reconhecimento serve também para encorajar outras meninas e mulheres.
A
ideia de fazer um split com vocalistas mulheres surge justamente
disso.
É certo que o punk e suas ramificações aglutinam muitas pessoas que questionam os padrões impostos socialmente, pois é da sua “natureza”, da sua origem, e por isso mesmo nós mulheres também queremos dar nosso recado, contribuir, participar, contestar. Aprendi muita coisa, conheci e sigo conhecendo pessoas inspiradoras, interessantes e amigáveis desde que eu comecei a tocar. Mas obviamente que as dinâmicas presentes no patriarcado se reproduzem na cena musical underground e punk, porque é composta afinal de pessoas, que vivem numa sociedade onde a ordem é patriarcal. Esta ordem pela sua própria estrutura causa uma exclusão das mulheres, principalmente nos setores de participação mais ativa e não somente de público. O termo ‘somente’ não tá sendo usado como minimizador. Outra armadilha do patriarcado, é procurar fazer com que nossas reivindicações e conclusões se virem contra nós, ou sejam um motivo de competição entre nós mulheres. Então se você diz que é importante criar condições para que as mulheres sejam ativas, há quem te pergunte “o que você tem contra as mulheres passivas?”. Como feminista posso dizer que estou bastante calejada em ter minhas palavras distorcidas e também posso dizer que as pessoas são previsíveis no seu antifeminismo. O que de fato acontece e o que estou dizendo, são que todas as estruturas do patriarcado são de variadas maneiras impeditivas para que meninas e mulheres toquem, produzam, trabalhem de forma geral no meio, mas até mesmo que sejam o público, com as particularidades que isso envolve.
O patriarcado é um sistema de opressão rígido contra as mulheres, específico. E o enfrentamos já quando muito pequenas. Mas ninguém te apresenta o patriarcado, olá fulana a partir de agora você vai ter que viver com este cara aqui, o patriarcado. Ah, prazer, obrigada. Porém ele se impõe a você em diversas formas. Para muitas de nós de forma implacável. Eu lembro de ter questionamentos muito cedo. Poderia ser considerado algo como instinto, você não sabe bem o que tá acontecendo, mas sabe que estes caminhos que lhe estão sendo oferecidos, têm algo de errado com eles, e não parece favorável segui-los.
Questione. Não se cale ou sucumba ao curso que lhe apresentam. Torça, e lute se possível, para que todas um dia sejamos livres.
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Pra
motivar a vibe de luta segue a letra de uma das faixas gravadas pela
No Rest:
Nem Sujeição Nem Apatia
Todos diziam a ela pra se conter que seus sonhos eram muito altos pra uma menina mas não eram sonhos que ela tinha, o que ela queria era uma realidade menos atroz aquilo que é fácil pra um pode ser muito difícil pra uma tentaram de várias formas tirar sua dignidade nascia uma dor mas também uma busca por liberdade sua independência jamais será negociada palavras inúteis e motivos fúteis não têm vez para quem já sabe o que não quer pra quem pegou a dor e a fez sua companhia os pesares e os olhares de quem não quer compreender são o motor pra sua coragem e rebeldia que de sujeição é que não pensou em viver nem de apatia
capa do cd – ilustração por Marcelo Dod diagramação do encarte por Nata
O split Inflamar conta com as bandas Manger Cadavre?, No Rest, Vasen Käsi e Warkrust. Cada banda gravou duas faixas. Você pode encontrar os sons online e em CD.
As 4 vocalistas: acima à esquerda Aline rodrigues da No Rest; acima à direita Nata Nachthexen da Manger Cadavre?; abaixo à esquerda Anne da Warkrust e à sua direita Mars Martins da Vasen Käsi
“Un violador en tu camino” é uma intervenção criada e performada pela primeira vez por feministas de Valparaíso no Chile, para denunciar a violência contra as mulheres. A intervenção foi escrita e elaborada pelo coletivo feminista “Lastesis”, que tem como objetivo transformar as teses feministas em performances, e com isso abranger mais pessoas. No dia 25 de novembro, Dia Pela Não Violência Contra a Mulher, 2000 mulheres se reuniram para protestar na capital de Santiago com esta intervenção. Em poucos dias a intervenção foi traduzida em várias línguas, adaptada aos contextos locais, e repetida em diversas partes do mundo, como no México, Alemanha, Colômbia, Argentina, Bélgica, Inglaterra, França, Espanha, El Salvador, Estados Unidos, Paraguai, República Dominicana, e Uruguai. A razão por ter se se espalhado prontamente com tanta intensidade ao redor do mundo, é porque todas nós mulheres nos identificamos com o que retrata a performance, pois mostra a realidade das violências específicas contra nós. “No caminho” de casa, do trabalho ou escola, no transporte coletivo, nas ruas movimentadas ou afastadas, numa balada, e mesmo dentro de casa, nós mulheres somos constantemente ameaçadas com a violência dos homens.
Os protestos feministas pelo fim da
violência contra às mulheres, acontecem no Chile no meio das
manifestações contra o presidente, que duram mais de um mês. Já
foram contabilizadas quase 3 mil pessoas feridas e 23 mortos. “Un
violador en tu camino” é um verso criado em cima do slogan
policial chileno“Un amigo en tu camino”. Em outubro, feministas
denunciaram estupros e violências sexuais cometidas por policiais e
militares contra meninas e mulheres que estavam indo nos protestos.
Fechando os “16 Dias de Ativismo pelo
Fim da Violência Contra a Mulher”, aqui em porto Alegre a
intervenção também vai ser replicada.
No dia 7 de dezembro às 10h haverá o
ensaio atrás do Auditório Araújo Viana, e a intervenção acontece
no mesmo dia na frente do Largo Expedicionário às 11:30h.
Venha e convide suas amigas, irmãs e
companheiras
Segue a letra pra gente tentar decorar
até sábado!
O patriarcado é um juiz Que nos julga por nascer E nosso castigo É a violência que não vês
O patriarcado é um juiz Que nos julga por nascer E nosso castigo É a violência que se vê
Feminicídio Impunidade para os assassinos Pela agressão Pelo estupro, violação
E a culpa não era minha Nem onde estava, nem como vestia E a culpa não era minha, Nem onde estava, nem como vestia
E a culpa não era minha Nem onde estava, nem como vestia E a culpa não era minha, Nem onde estava, nem como vestia
O estuprador és tu O estuprador és tu
É a polícia Os juízes O estado O presidente
O estado opressor é um macho estuprador O estado opressor é um macho estuprador
O estuprador és tu O estuprador és tu
Marielle Presente O assassino dela é amigo do presidente
O estuprador és tu O estuprador és tu O estuprador és tu O estuprador és tu
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A letra foi alterada no dia anterior da intervenção, e atualizada aqui dia 08.12
A reunião da FrePLA deste mês será de avaliação do Festival É Pela Vida das Mulheres. O Festival aconteceu no dia 28 de setembro passado pelo Dia Latino Americano e Caribenho Pela Descriminalização do Aborto.
Nesta quarta feira, estaremos fazendo esta avaliação coletiva e também dando continuidade aos encaminhamentos das novas ações.
16 de outubro às 18:30h no Camp – Escola de Cidadania
Reunião exclusiva para mulheres
Seguem algumas imagens do Festival!
As imagens falam por si. Foi um grande dia ver tantas mulheres juntas construindo e participando de uma variedade incrível de atividades. Pela vida das mulheres.
A FrePLA Convida para o Festival pela descriminalização do aborto que acontece sábado dia 28.09 na Redenção:
Cronograma do Festival!! Olha que linda tá a nossa programação! Venha fazer parte deste grande encontro pela vida de todas nós! Nem uma a menos!
🌿11:00h Abertura do Festival É Pela Vida das Mulheres! Intervenção da Trupe Abre Asas e momento de encontro e organização
🌿11:00h Ciranda – Brincadeiras com cuidadora até as 18:30h
🌿11:30h Feira Feminista até às 18h
🌿12:00h Piquenique Coletivo – Traga seu lanche e compartilhe este momento com a gente!
🌿13:15h Capoeira – Treinel Fabi Grupo de Capoeira Angola Zimba
🌿13:30h Roda de Conversa: Saúde Mental da Mulher – Coletivo Virgínias/Ação Anti Fascista *
🌿13:30h Oficina de Malabares para crianças – Atividade da ciranda
🌿14:00h Oficina de bordado: Costurando Existências Tecendo Resistências – Ocupação Feminista *
🌿14:45h Apresentação Artística: Miss Beleza – Performance *
🌿15:00h Roda de Conversa: Direitos Reprodutivos e a Rede de Atendimento em Aborto Legal Porto Alegre – Fórum do Aborto Legal/ Themis *
🌿16:00h Apresentação Artística: Pantaleore – Núbia Quintana – Comédia de arte; Performance *
🌿16:15h Roda de Conversa: Deficiência, Reprodução Social e o Direito ao Aborto -Coletivo Feminista Helen Keller *
🌿17:00h Apresentação Artística: Levanta Favela – Performance *
🌿17:20h Apresentação Artística: Poetas Vivas-Intervenção Poética*
🌿17:40h Apresentação Artística: Arielle – Intervenção Poética *
🌿18:00h Apresentação Artística: Luisa Gonçalves – Música *
🌿18:15h Apresentação Artística: Não Mexe Comigo Que Eu Não Ando Só – Percussão e Performance *
*Atividade com tradutora interprete de libras
28 de Setembro – Dia Latino Americano e Caribenho Pela Descriminalização do Aborto
Satisfação em anunciar que teremos em Porto Alegre a mostra do documentário Viver Para Lutar, que apresenta entrevistas com minas de várias partes do país compartilhando suas experiências vividas nos anos 90 na cena punk. Mulheres que montaram bandas, coletivos, produziram zines, que articularam/seguem articulando em várias frentes. O documentário traz o ponto de vista, inspiração e a luta destas mulheres num meio majoritariamente masculino, ainda que com sua premissa libertária.
Estão acontecendo exibições do documentário em várias localidades e a diretora Marina Knup tá fazendo uma tour estando presente em muitas delas. Aqui na cidade, a exibição – seguida de troca de ideias – acontece no dia 27 de julho agora, às 15h no Ateneu Libertário A Batalha da Várzea – espaço parceiro de muitas lutas. Entrada gratuita.
Participe!
Descrição do documentário:
VIVER PARA LUTAR – Episódio 1
Punk, Anarquismo e Feminismo: As Minas dos anos 90
(dir. Marina Knup / Anarcofilmes Produções | 2019 | 85min)
Parte de uma série de documentários sobre a cena anarcopunk no Brasil nos anos 90, o primeiro episódio retoma a importante ligação entre punk, anarquismo e feminismo que floresceu naquele período. Questionando todo o contexto social em que viviam, as mulheres punks criaram coletivos, zines, bandas, redes, encontros anarcofeministas e projetos que trouxeram a tona as urgências do feminismo não só dentro das movimentações punks e anarquistas, mas para suas próprias vidas. Por meio das memórias de mulheres que viveram esta história, tanto na movimentação anarcopunk quanto em outros contextos punks da época, reúne algumas dessas inúmeras experiências de luta.
Dia de referência rumo a nossa libertação. É importante lembrar a cada 8 de março que temos muita luta pela frente.
Os atos no país trazem pautas do contexto político atual, em Porto Alegre o ato será unificado e os temas escolhidos são: Contra a Reforma da Previdência; Basta de Feminicídio; Aborto Legal, Já; Justiça para Marielle.
As atividades serão no Largo Glênio Peres em frente ao Mercado Público.
Às 7:30 abre com Feira Orgânica da Reforma Agrária e às 8h o café da manhã. Depois começam os painéis sobre os temas escolhidos.Vai ter microfone aberto para mulheres que queiram dar o seu recado.Às 17:30 concentração para a caminhada que sairá da esquina democrática às 19h. A Frente Pela Legalização do Aborto fará uma das falas durante o percurso.
Estarei com material da Ação AntiSexista no gazebo junto as companheiras da Frente Pela Legalização do Aborto.
‘Nos últimos quatro meses a Nicarágua tem vivido uma grave e violenta crise política, que expõe fortemente as contradições do governo autoritário de Daniel Ortega há onze anos no poder. Mas por quê essa é também uma pauta feminista? Além da solidariedade em si com uma rebelião que está sendo violentamente reprimida, é importante conhecer na história recente da Nicarágua o papel das organizações de mulheres e feministas, que tem sido das mais ativas em combater as violências estruturais de um país marcado pelo machismo extremamente arraigado. Estas ativistas vêm denunciando há anos o caráter ditatorial e misógino deste governo – responsável pela criminalização de qualquer forma de aborto em 2006 -, assim como denunciando publicamente a impunidade de Ortega frente a graves acusações de ter abusado sexualmente de sua enteada por duas década.
Nesta roda de conversa, Ana Marcela Sarria, feminista e pesquisadora nicaraguense residente no Brasil, estará contextualizando a/a situação atual da Nicarágua a partir da vivência das organizações de mulheres, abordando também a relação desta crise com a história herdada da Revolução Sandinista, que marcou o país na década de 1980.’
Dia: 20/08/2018, Segunda Feira
Horário: 19h
Local: Fora da Asa – na Cidade Baixa em Porto Alegre
Atos pela descriminalizaçao do aborto em todo o país!
O aborto é uma realidade independente de sua proibição, desta forma as mulheres estão sujeitas a clandestinidade, correndo risco de serem punidas pelo Estado ou mortas pelas más condições dos abortos clandestinos. Se as mulheres estão morrendo pela precariedade dos procedimentos, nem sequer está correto o título de “pró vida” usado pelos que defendem que o aborto é crime. Num país onde uma mulher é estuprada a cada 11 minutos, onde todos os dias mulheres são assassinadas por serem mulheres, exploradas, agredidas, assediadas, descriminadas, além de receberem menores salários, é possível perceber que o descaso com a vida das mulheres é a norma desta estrutura. Estamos lutando pela nossa integridade física e pela nossa dignidade. Nós mulheres temos valor e sabemos disso, e seguiremos lutando independente dos ataques cometidos contra nós, independente das tentativas de impedir que tenhamos autonomia sobre nossas escolhas, nossas vidas.
Lutamos por nós e por todas as mulheres que ainda estão por vir.
Em porto Alegre o Ato é às 17h na Esquina Democrática!