Exibição do Documentário “Viver Para Lutar – Punk, Anarquismo e Feminismo: As Minas dos anos 90” // dia 27.07.19

 

Satisfação em anunciar que teremos em Porto Alegre a mostra do documentário Viver Para Lutar, que apresenta entrevistas com minas de várias partes do país compartilhando suas experiências vividas nos anos 90 na cena punk. Mulheres que montaram bandas, coletivos, produziram zines, que articularam/seguem articulando em várias frentes. O documentário traz o ponto de vista, inspiração e a luta destas mulheres num meio majoritariamente masculino, ainda que com sua premissa libertária.

Estão acontecendo exibições do documentário em várias localidades e a diretora Marina Knup tá fazendo uma tour estando presente em muitas delas. Aqui na cidade, a exibição – seguida de troca de ideias – acontece no dia 27 de julho agora, às 15h no Ateneu Libertário A Batalha da Várzea – espaço parceiro de muitas lutas. Entrada gratuita.

Participe!

 

Descrição do documentário:

VIVER PARA LUTAR – Episódio 1

Punk, Anarquismo e Feminismo: As Minas dos anos 90
(dir. Marina Knup / Anarcofilmes Produções | 2019 | 85min)

Parte de uma série de documentários sobre a cena anarcopunk no Brasil nos anos 90, o primeiro episódio retoma a importante ligação entre punk, anarquismo e feminismo que floresceu naquele período. Questionando todo o contexto social em que viviam, as mulheres punks criaram coletivos, zines, bandas, redes, encontros anarcofeministas e projetos que trouxeram a tona as urgências do feminismo não só dentro das movimentações punks e anarquistas, mas para suas próprias vidas. Por meio das memórias de mulheres que viveram esta história, tanto na movimentação anarcopunk quanto em outros contextos punks da época, reúne algumas dessas inúmeras experiências de luta.

 

“Anarquismo na Atualidade” – fala feita na 4ª FLAPOA

Segue uma fala feita na 4ª Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre, no dia de abertura, 15 de novembro passado. Foram feitas várias falas sobre anarquismo na atualidade. Depois seguiu-se um debate.

“Anarquismo na atualidade.

Aqui no Brasil o anarquismo teve uma visibilidade gigante devido as manifestações. A revolta tomou conta das ruas. Esta revolta foi absolutamente importante e uma manifestação das nossas insatisfações, uma necessidade de denunciarmos as injustiças pela ação direta. A ação direta não é apenas uma ação isolada e de ataque, pois ela é construída todos os dias. E embora esta visibilidade tenha tomado as proporções que tomou, as práticas anarquistas, as organizações ou formas de nos organizarmos libertárias são antigas. Anarquistas sempre se organizaram e procuraram alternativas para viver/sobreviver.

O anarquismo teve um período de hibernação no sentido de que parece ter ficado por algum tempo sem uma continuidade devido aos anos de ditadura. Nos anos 80 o anarquismo teve uma retomada muito forte e também sob influencia do punk. As bandas, as pessoas envolvidas encontraram no anarquismo e nas práticas anarquistas, nas práticas autogestionárias (por exemplo ocupações, espaços autogeridos, em fim) a busca pela libertação. A busca por viver e sobreviver perante as injustiças, a busca por alternativas que não as dos moldes tradicionais. A busca por pensar e construir lutando contra o controle das opressões institucionalizadas que estamos submetidas, submetidos.

Mas eu tenho pouco tempo para falar aqui, sendo esta apenas uma introdução, um apanhado muito generalizado sobre o anarquismo na atualidade. O que quero colocar para as que estão aqui presentes, e para os que estão aqui presentes, é de que o anarquismo nunca existirá sem feminismo.

E que isto para mim é atualidade.

Nós mulheres anarquistas que nos envolvemos em espaços anarquistas em busca por libertação, encontramos muita resistência de que nestes espaços nos escutem. De que nestes espaços exista de fato uma libertação. De que nestes espaços estejamos seguras. Não queremos nenhum tipo de segurança vindo de outrem, não queremos sermos protegidas, não é disto que estou falando. Falo de que precisamos que nestes espaços estejamos seguras para alcançarmos objetivos libertários em todas as esferas das nossas vidas. Não uma libertação pela metade, uma libertação que é sugerida muitas vezes como prioritária enquanto nós mulheres anarquistas sabemos muito bem de nossas prioridades, de nossas urgências, e de toda a opressão machista da qual sofremos, da qual lutamos contra todos os dias.

Sim, não existe anarquismo sem feminismo. A revolução diária, utópica, ou de fato, não será revolução se ela não for feminista. Não é aceitável que o feminismo seja luta de segunda ordem.

Temos visto na atualidade cada vez mais denúncias de agressões por parte de “companheiros”. É possível que dentro de espaços anarquistas tenhamos que lidar com a opressão do patriarcado como se estivéssemos nos espaços não anarquistas? É obvio que o patriarcado se reflete nas pessoas e não poderia ser diferente com nós anarquistas. Por isso justamente que temos que destruir com o machismo que está dentro de nós.

Eu repudio totalmente a ‘acusação’ de que estou me focando e sendo separatista. Porque sim, eu estou me focando e serei separatista se tiver que ser. Porque sectário já é o patriarcado, e também aprendi do anarquismo a me organizar. Esta suposta “união” de lutas muitas vezes abafa, invisibiliza opressões específicas. Também totalmente repudio tentativas de boicote a autonomia das mulheres e sei porquê elas existem. Porque existe medo de confrontar privilégios, porque existe medo de perder o controle sobre o comportamento e sobre os corpos de mulheres e lésbicas. Porque ou não se nota ou é bom estar com o poder a seu alcance para quando se precise ou se queira usar.

E sim quando digo nós mulheres o faço porque estou me colocando numa classe. Porque precisamos nos colocar como classe, como grupo, porque a opressão se apresenta para todas nós mulheres, anarquistas ou não.

Nos protestos mulheres foram estupradas por policias e supostos companheiros. Vimos homens se aproveitando da confiança e da proximidade na luta para subjugar mulheres que acabaram sendo violentadas e abusadas. E sempre se questiona a mulher. O que ela fez, o que ela vestia, que horas eram.

E enquanto nas ruas corremos da polícia, nós mulheres temos ainda uma outra ameaça. E quando nos separamos de nosso grupo de afinidade, de nosso bloco, temos isso em mente e nos nossos corações, porque desde que nascemos a ameaça e o abuso são institucionalizados, fazem parte do ar que respiramos.

Não meus amigos, sim, não amigas, amigos, especificamente para vocês, que nesta linguagem patriarcal me ignora, me exclui e me invisibiliza. Então: não meus amigos, não existe anarquismo sem feminismo. O patriarcado antecede ao capitalismo. E a atualidade continua patriarcal.Não existem práticas libertárias enquanto nós mulheres não formos livres.

Só seremos livres quando todas formos livres.

Não se ponham no caminho da nossa libertação.”

enila dor.
15 de novembro 2013

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Por que ela não tá nem aí pra sua Insurreição//tradução

Por Que Ela Não Tá Nem Aí Pra Sua Insurreição é um texto que fala sobre machismo num contexto específico de Nova Iorque, na cena anarquista insurrecionária da qual a autora faz parte. Ela faz uma crítica sobre como o machismo está presente mesmo neste contexto, pois as mulheres enfrentam a opressão do patriarcado fora, mas também dentro de espaços anarquistas/libertários. Poderíamos dizer espaços supostamente anarquistas e libertários e não estaríamos sendo radicais, apenas sendo coerentes, pois não é possível que nestes espaços o machismo seja aceito, que seja uma opressão praticada como normalidade ou mesmo “apenas” ignorado. Não é possível ignorar o machismo. Isso só acontece porque existe interesse em manter as mulheres sob domínio dos homens. Lendo o texto percebemos que é uma situação análoga as cenas das quais nós também nos encontramos. Boa leitura.

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Tradução de Why she doesn’t give a fuck about your Insurrection

Feminismo Autônomo- Reflexões hoje, as 17h!

Hoje as 17h estará acontecendo o debate sobre autonomia no feminismo, fazendo parte do Ciclo da Autonomia no Espaço Deriva.

Algumas das questões que estarão sendo trazidas ao debate são:

-Perspectiva autonomista do feminismo em contraponto ao feminismo institucional.

-Feminismo e Anarquismo:

*como traçar objetivos comuns para ambas as lutas.
*Resistência às ideias feministas no meio anarquista.
*Discriminação e Violência em espaços libertários.

-Necessidade de espaços feministas exclusivos:  resistência que encontramos para nos organizarmos neste sentido e suas razões.

-Apropriação do feminismo por homens:  protagonismo de homens no feminismo e processos colonizadores.

-Autonomia sobre nossos corpos: aborto e propriedade.

Além destes tópicos o debate é aberto a todos coletivos e mulheres que quiserem trazer suas propostas para construirmos juntas esta parte do ciclo.

O Espaço Deriva fica na Rua Ramiro Barcelos 1853.

 

Estratégias de mobilização Anarquista Feminista na 3ª FLAPOA

Hoje no segundo dia da 3ª FLAPOA além da exposição de materiais anarquistas e feministas durante todo o dia, seguem as oficinas e bate papos, filme e intervenções artísticas, confira toda a programação no site da feira flapoa.deriva.com.br/

Às 19h rola um bate papo, somente para mulheres:

Estratégias de mobilização Anarquista Feminista
Propostas para construção de rede anarquista e feminista, bate papo sobre novas (e velhas) táticas de ação, mobilização e propagação das idéias anarquistas em uma perspectiva feminista.

 


A Questão Feminina em Nossos Meios – Lucia Sanchez Saornil

O texto que segue é de Lucia Sanchez Saornil da organização Mujeres Libres da Espanha. A organização surgiu em 1936 na época da Revolução Espanhola, também contada como Guerra Civil Espanhola. O texto é um trecho de uma discussão entre Lucia e o secretário da CNT Mariano R. Vasquez que foi publicada no jornal Solidaridad Obrera em 1935.  O texto parece oportuno e ainda atual pois critica o pensamento científico da maternidade como característica definidora da mulher, ditando suas funções dentro da sociedade, e relata o machismo no meio anarquista da época.  Sinto uma grande afinidade com o pensamento de Lucia, pois hoje ainda enfrentamos as mesmas dificuldades.

“Na atualidade, está socialmente questionada a teoria da inferioridade intelectual feminina ; um número considerável de mulheres de todas as condições sociais demonstrou praticamente a falsidade do dogma, poderíamos dizer, revelando a excelente qualidade de suas aptidões, em todos os ramos da atividade humana. Apenas nas camadas sócias inferiores onde a cultura penetra mais lentamente pode sustentar-se, ainda, uma crença tão perniciosa.

Quando, porém, o campo parecia limpo, um novo dogma, este com garantias científicas, aparentes, obstaculizou o caminho da mulher, levantando novos obstáculos à sua passagem; e é de tal qualidade que, por um momento, deve tê-la deixado pensativa.

Frente ao dogma da inferioridade intelectual da mulher, levantou-se o da diferenciação sexual. Já não se discute como no século passado, se a mulher é superior ou inferior; afirma-se que é diferente. Já não se trata de um cérebro de maior ou menor peso ou volume, mas de uns corpinhos esponjosos, chamados glândulas de secreção, que imprimem um caráter peculiar à criatura, determinando seu sexo e com este, suas atividades no campo social.

Nada tenho a objetar a esta teoria em seu aspecto fisiológico, mas sim às conclusões que se pretendem extrair da mesma. Que a mulher é diferente? De acordo. Embora talvez essa diversidade não se deva tanto à natureza, como ao meio ambiente em que se desenvolveu. É curioso que, quando se extraíam tantas conseqüências da teoria do meio na evolução das espécies, esta seja completamente esquecida quando se trata da mulher. Considera-se a mulher atual como um tipo acabado, sem levar-se em conta que não é mais do que o produto de um meio permanentemente coativo e é quase certo que, restabelecidas no possível as condições primárias, o tipo se modificaria ostensivamente, burlando, talvez, as teorias da ciência que pretendem defini-la.

Pela teoria da diferenciação, a mulher não é mais do que uma matriz tirânica que exerce suas influências obscuras até os últimos recantos do cérebro; toda vida psíquica da mulher é subordinada a um processo biológico, e tal processo biológico não é outro que o da gestação. “Nascer, sofrer, morrer”, dissemos num artigo anterior. A ciência veio modificar os termos, sem alterar a essência desse axioma: “Nascer, gestar, morrer”. E aí está todo o horizonte feminino.

É claro que se tentou cobrir essas conclusões com douradas nuvens apoteóticas. “A missão da mulher é a mais culta e sublime da natureza”, dizem; “ela é a mãe, a orientadora, a educadora da humanidade futura”. E, no entanto, fala-se em dirigir todos os seus passos, toda a sua vida, toda a sua educação para esse único fim; único ao que parece, em perfeita harmonia com sua natureza.

E novamente vemos, frente a frente, o conceito de mulher e o de mãe. Porque resulta que os sábios não descobriram nenhum mediterrâneo; em todas as idades, têm-se praticado a exaltação mística da maternidade; antes exaltava-se a mãe prolífica, parideira de heróis, de santos, de redentores ou tiranos; de agora em diante, exaltar-se-á a mãe eugênica, engendradora, gestadora, parideira perfeita; antes a agora, todos esforços são convergentes para manter em pé a brutal afirmação de Okén que citava outro dia: “A mulher não é o fim, mas o meio da natureza; o único fim e objeto é o homem”.

Eu disse que tínhamos novamente os conceitos de mulher e de mãe frente a frente, e disse mal; agora temos algo ainda pior: o conceito de mãe absorvendo o de mulher, a função anulando o indivíduo.

Dir-se-ia que no transcorrer dos séculos, o mundo masculino tem oscilado, frente à mulher, entre dois conceitos extremos: da prostituta à mãe, do abjeto ao sublime, sem deter-se no estritamente humano: a mulher. A mulher como indivíduo racional, pensante e autônomo. Se procurarmos a mulher nas sociedades primitivas, apenas encontraremos a mãe do guerreiro, exaltadora do valor e da força. Se a procurarmos na sociedade romana, apenas encontraremos a matrona prolífica que supre a República com cidadãos. Se a procurarmos na sociedade cristã encontra-la-emos já convertida em mãe de Deus.

A mãe é o produto da reação masculina frente à prostituta, que é para ele toda mulher. É a deificação da matriz que o abrigou.

Contudo – e ninguém deve escandalizar-se pois estamos entre anarquistas e nosso compromisso primordial é restabelecer as coisas em seus verdadeiros termos, derrubar todos os falsos conceitos, por mais prestigiados que sejam – , a mãe como valor social não deixou de ser, até o momento, a manifestação de um instinto, um instinto tanto mais agudo quanto a vida da mulher só girou em torno dele durante anos; porém, instinto, afinal; apenas, em algumas mulheres superiores, alcançou a categoria de sentimento.

A mulher, em troca, é o indivíduo, o ser pensante, a entidade superior. Em nome da mãe, quer-se excluir a mulher, quando se pode ter mulher e mãe, porque a mulher não exclui nunca a mãe.

Desdenha-se a mulher como valor determinante na sociedade, dando-lhe a qualidade de valor passivo. Desdenha-se o aporte direto de uma mulher inteligente por um filho talvez inepto. Repito que há que se restabelecerem as coisas em seus verdadeiros termos. Que as mulheres seja mulheres antes de tudo; somente sendo mulheres e que se terão as mães de se necessita.

O que verdadeiramente me assusta é que companheiros que se chamam de anarquistas, alucinados, talvez, pelo princípio científico sobre o qual se pretende estar assentado o novo dogma sejam capazes de sustentá-lo. Frente a eles, assusta-me essa dúvida: se são anarquistas, não são sinceros; se são sinceros, não são anarquistas.

Na teoria da diferenciação, a mãe é o equivalente do trabalhador. Para um anarquista, antes que o trabalhador, está o homem, antes que a mãe, deve estar a mulher (falo em sentido genérico). Porque para um anarquista, antes de tudo e acima de tudo, está o indivíduo.”

Extraído de Mujeres Libres da Espanha: Documentos da Revolução Espanhola : Editora Achiamé, 2007; Rago, Margareth; Biajoli, Maria Clara Pivato.

 

Segunda edição do livreto Mulheres Anarquistas

Este é o segundo volume do livreto Mulheres Anarquistas – O Resgate de uma História Pouco Contada. Mabel Dias e Imprensa Marginal.

“Este segundo volume dá ênfase às movimentações, experiências e coletivos de caráter anarco-feminista que surgiram a partir da década de 90, com relatos diversos que, em seu conjunto, nos trazem parte da história recente do anarco-feminismo no Brasil, feita com base em muitas vozes.”

O livreto conta com vários coletivos do brasil e também com relatos de mulheres de outros países publicados originalmente nas cartilhas entre os anos de 2002 e 2003 por Mabel Dias.

É muito importante que sigamos contando nossa “herstória”, já que é convenientemente esquecida por não favorecer a hegemonia masculina. O patriarcado dá conta igualmente de incentivar a passividade nas mulheres e apagar o que conquistamos arduamente, abaixo de muita luta e perseverança.

Parabéns pela inciativa conjunta das companheiras de lutas Mabel e Imprensa Marginal.

você pode adquirir este e outros materiais entrando em contato com imprensa_marginal[@]yahoo[.]com[.]br e http://anarcopunk.org/imprensamarginal/

 

Atividades de Agosto e Inicio de Setembro

Atividades das últimas semanas

O fim de agosto foi bastante movimentado. No dia 21 aconteceu o lançamento da Outra Campanha uma proposta inspirada na La Otra Campaña dos companheiros Zapatistas,  de construção de politica, combativa, em oposição ao circo eleitoral. A atividade também lembrou o 1º ano do assassinato de Elton Brum pela brigada militar.

Sábado, dia 28 teve o  1º Caracol Libertário, que juntou diversos grupos para discutir temas ligados a teoria e prática anarquista ou autônoma. Rolaram papos sobre as anarquistas Louise Michel e Juana Buela,  sobre as correntes anarquistas e o especifismo, uma perspectiva revolucionária do movimento socioambiental, exibição de filmes entre outras atividades. A Ação Antisexista puxou uma conversa sobre a relação entre anarquismo e feminismo, tentando trazer a tona a conexão intrínseca entre o poder do estado e o poder patriarcal; o poder do patrão, o poder do marido, o poder do pai.  Todas as conversas sobre feminismo, protagonismo da mulher e anti sexismo ficaram para o período da tarde, então houve uma continuidade no debate, mesmo assim o feminismo segue sofrendo ataques e velhos preconceitos ainda estão muito vivos…  as feministas continuam sendo acusadas de ‘dividirem’ o movimento e pra muitos as demandas feministas ainda devem ser mantidas em segundo plano e em muitos momentos nos sentimos atacadas e desvalidadas. Acredito que é especialmente polêmico por visibilizar as estruturas de poder e de privilégios presentes entre as pessoas – o que entre anarquistas não é diferente.

No dia 29 de Agosto é celebrado o DIA NACIONAL DA VISIBILIDADE LÉSBICA e aqui em Porto Alegre aconteceu a 4ª Marcha Lésbica. Pelo segundo ano consecutivo organizou-se um bloco autônomo que reuniu várias mulheres e coletivos.

O feriado de 7 de setembro parecia seguir normalmente: os militares marchavam, o público aplaudia ou era indiferente como todos os anos. Mas este ano vários coletivos se organizaram para uma caminhada na Borges de Medeiros, um pouco atrás do Grito dos Excluídos, e então mudamos a rota e nos aproximando do “desfile militar”. Rapidamente a Tropa de Choque formou um cordão de isolamento nos mantendo distantes, nos intimidando com armas não letais e letais. ali o pessoal do Levanta Favela apresentou uma esquete sobre a tortura durante a ditadura e hoje, provocando e chamando a atenção das pessoas que estavam por perto. Caminhamos um pouco mais em diversas direções e a esquete foi encenada em diferentes pontos ao longo da parada militar, sempre sob vigilância policial.

No momento a Ação Antisexista está na organização da 1ª Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre, marcada para outubro, a intenção é fazer atividades feministas para mulheres na feira. Também em outubro  participo do Festival MorroStock, aonde vão rolar feiras de materiais independentes, um painel sobre mídia alternativa com a participação da rádio livre Antena Negra, da qual tenho programa Nem Escravas Nem Musas, e ainda no festival vou tocar com a minha banda Ferida no dia 15.

 

pensamento.sentimento. possibilidade mutável.

Feminismo é o sentimento e luta contra o que nos oprime, contra a idéia de que nós mulheres somos seres inferiores. Nunca me senti assim, nunca acreditei que meus pensamentos, vontades, necessidades e atitudes devessem ser limitados pela minha condição biológica.

Feminismo é a não limitação de si mesma e lutar para derrubar os muros erguidos pelo patriarcado, que se extendem em todas as esferas das nossas vidas de forma a nos subjugar, descriminar, objetificar nossos corpos, tirar nossa autonomia e auto-confiança, para que sejamos eternas escravas e dependentes dos que detêm e querem manter o poder.

Feminismo é a resposta a exploração e a violência física e psicológica das quais sofremos. É retomar o que nos é tirado todos os dias. Feminismo é libertação. Feminismo é liberdade.

Aline