Tirado de http://yakilivre.noblogs.org/manifesto-yaki-livre/
Esta é uma tradução ao português do manifesto escrito pelas companheiras mexicanas que estão na luta pela liberdade de Yakiri. No momento de publicação do manifesto, 17 de fevereiro de 2014, em “La Hoguera”, Yaki ainda estava presa. Agora, aguarda o processo em “liberdade”,depois de pagar no ato 140 mil da fiança, que foi fixada em 423.800 pesos no dia 5 de março, 86 dias depois da sua prisão. O valor total da fiança corresponde a cinco mil vezes o salário mínimo e é o valor previsto em constituição cobrado em relação a homicídios sem atenuantes. Mais uma vez o uso de legitima defesa de Yakiri não está sendo considerado.
http://lahoguera.confabulando.org/?p=3394
Manifesto Yaki Livre
Liberdade para Yakiri
Se nos julgam por sobreviver, a justiça quer todas nós mortas!
No dia 9 de dezembro de 2013, em Doctores, bairro residencial da Cidade do México, os irmãos Luis Omar e Miguel Ángel Ramírez Anaya sequestraram Yakiri Rubí Rubio Aupart que estava indo encontrar a namorada. Ameaçam-na com uma faca, obrigam-na a montar na moto em que estão e levam-na contra a sua vontade ao hotel Alcázar. No quarto n° 27, Yakiri é insultada, golpeada e torturada sexualmente. Miguel Ángel Ramírez Anaya a estupra e, depois de tudo, tenta mata-la. Yaki consegue se defender, tomando a faca na mão de seu agressor.
Miguel Ángel Ramírez Anaya acaba gravemente ferido, foge em sua moto e morre pouco depois de sair do hotel.
Yakiri chega à agência 50 do Ministério Público, localizada na PGJDF (Procuradoria Geral de Justiça do Distrito Federal) e enquanto fazia a denúncia por estupro, sequestro, tortura e tentativa de homicídio, chega o outro agressor, Luis Omar Ramírez Anaya, e a acusa de assassinar seu irmão. Yakiri é imputada por homicídio qualificado. Levam-na à prisão sem notifica-la desconsiderando a veracidade de sua acusação, deixando ao agressor e cúmplice Luis Omar Ramírez Anaya livre e sem acusações. Duas denúncias e uma só detida: Yakiri.
No dia seguinte, o Procurador Geral de Justiça do DF, Rodolfo Ríos Garza, determinou iniciar um processo por homicídio qualificado, sem levar em conta o contexto de violência sexual em que se deu o óbito do agressor.
Por fim, Yakiri é levada à prisão de Santa Martha Acatitla onde ameaçam e batem nela. Transferem-na à prisão feminina de Tepepan, de onde só sai depois do pagamento de fiança.
Yakiri Rubi é privada de sua liberdade pelo juiz Santiago Ávila Negrón, titular do Juizado 68 Penal. Este juiz é réu em um processo aberto contra ele por assédio sexual a Betzabet Perea em 2011. Além disso, no ano 2004, foi reprovado no exame de atualização, no qual consta que Santiago Ávila Negrón apresenta “falta de técnica jurídica, omissão em notificar as partes, falta de motivação e incongruência em suas resoluções” (La Jornada, Segunda-feira, 16 de fevereiro de 2004).
Mexeu com uma mexeu com todas
A partir da Justiça Feminista sabemos que às mulheres historicamente foi imposta uma condição de obediência das normas patriarcais entre as quais se destaca a violência sexual como prerrogativa de domínio, melhor dizendo, o direito a invadir nossos corpos sem o NOSSO consentimento. É por isso que se castiga às mulheres quando nos defendemos, quando dizemos NÃO e reivindicamos a liberdade e a autonomia sobre nossos corpos.
Sabemos que existe uma cumplicidade evidente dentre os agressores sexuais e as instituições encarregadas de conceder justiça, que costumam proteger estupradores e feminicidas e criminalizar as mulheres ainda que se trate de situações evidentes de LEGÍTIMA DEFESA, como é o caso de Yakiri. Yakiri hoje está viva, lutou por sua vida e por sua liberdade. Nós a queremos do nosso lado e não nos esquecemos de todas as mortas por feminicídios daqui, de outras partes, de todo o mundo.
A liberdade de Yakiri significa a garantia da possibilidade de que todas as mulheres possamos decidir livremente sobre nossas vidas, de defender nossos corpos de toda a agressão. Por isso afirmamos que frente à qualquer agressão contra nossos corpos a defesa é legítima!
Frente à violência machista, autodefesa feminista. YAKIRI: LIBERDADE
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