Carta de Repúdio a decisão do juiz Paulo Augusto Oliveira Irion pela soltura do estuprador Marlon Patrick Silva de Mello// Ato – Estupradores Não Passarão!

Nós, Mulheres Organizadas Combatendo a Violência Contra a Mulher, viemos por meio desta, repudiar a decisão do juiz Paulo Augusto Irion, de soltar o estuprador Marlon Patrick Silva de Mello, pego em flagrante pela polícia no dia 12 de outubro último.

Era uma noite de domingo quando a adolescente de 16 anos foi brutalmente estuprada e espancada por Rodnei Alquimedes Ferreira da Silva e Marlon Patrick na orla do Guaíba. A menina foi levada para o hospital em estado grave, inconsciente e desfigurada a ponto de dificultar seu reconhecimento por familiares.

A decisão do juiz demonstra como a violência contra a mulher é naturalizada e reforçada diariamente a tal ponto que, mesmo sendo pego em flagrante, o juiz considerou de maior valia o fato do estuprador ser réu primário, alegando que o estupro foi um caso isolado na vida de Marlon Patrick. No entanto, o fato isolado ao qual o juiz se refere não é um delito comum, mas um crime hediondo decorrente da misoginia e da cultura do estupro. É notório o quão irresponsável foi a decisão do juiz ao minimizar o crime e também a dimensão da dor da vítima, bem como as consequências na sua vida. A definição de fato isolado se aplica melhor na condenação de um estuprador.

A cultura do estupro se dá na objetificação de nós mulheres e no senso comum de que o corpo feminino é propriedade do homem. A cultura do estupro se dá na hiperssexualização de nós mulheres nas diferentes esferas sociais, e na forma monstruosa que mídia reproduz estes estereótipos. A cultura do estupro se dá na banalização do estupro, na culpabilização das vítimas que são sempre questionadas, sejam pelas roupas, pelo comportamento, ou qualquer outra justificativa que sabemos servir somente para abrandar o que não pode ser abrandado. Desta vez não foi diferente, quando vimos os jornais chamarem atenção para a aparência da vítima, ou ao fato do pai da menina declarar que a filha “estava rebelde ultimamente”, para citarmos alguns exemplos. Sabemos que estas justificativas são meios de desvalidar nossa palavra e menosprezar nossa dor.

Procurem a culpa onde ela está que vocês acharão. A culpa é do estuprador e nunca da vítima.

A decisão de soltar o estuprador expõe ainda mais a vítima, a coloca em risco e também outras mulheres, e desencoraja a denúncia por parte de todas as mulheres que sofrem abuso, enquanto incentiva a perpetuação da violência contra a mulher através da impunidade.

Esta resolução e a cobertura midiática não são exclusividades deste caso, mas o padrão pelo qual se mantém um arranjo social cruel que expõe as mulheres a violências.

Repudiamos a decisão do juiz e o consideramos incapaz de julgar crimes sexuais e de violência contra a mulher, e exigimos que a justiça ampare e proteja as vítimas negligenciadas por interpretações arbitrárias de magistrados.

A maioria dos juízes que julgam casos de estupro são homens. Questionamos se como homens sejam capazes de compreender e tratar de questão tão grave com a seriedade que nós mulheres merecemos.

Estupradores não passarão!

Não nos calaremos!

Em solidariedade a vítima,

Mulheres Organizadas Combatendo a Violência contra a Mulher

Porto Alegre, 22 de Outubro de 2014

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Foto do ato que aconteceu ontem na frente do Fórum central de Porto Alegre, onde o juiz Paulo Augusto Irion presidia uma audiência.

No ato foi lida a carta acima que também foi entregue no gabinete do juiz. Foram feitas falas e gritos de luta em solidariedade a vítima e a todas as mulheres sobreviventes de abuso. Foi expressado o nosso repúdio a forma como o juiz está tratando o caso: ele entendeu que o estupro foi um “caso isolado” na vida de Marlon Patrick Silva de Mello.

Várias pessoas que entravam e saíam do fórum paravam para entender e ouvir o que estava sendo dito e várias mulheres se solidarizaram ao ato e mostraram sua indignação. Fomos impedidas por seguranças do local  quando nos direcionamos na entrada da parte lateral do Fórum e a polícia foi chamada. Resistimos e continuamos nosso ato até o final.

 

 

28 de Setembro Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta Pela Descriminalização e Legalização do Aborto – Ato Amanhã!

Amanhã tem ato pelo Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta Pela Descriminalização e Legalização do Aborto!

Para que as mulheres tenham direito ao aborto seguro e o menos traumático possível tanto física quanto psicologicamente.

O aborto é uma realidade. O fato do aborto ser crime por lei, faz com que as mulheres abortem clandestinamente e fiquem a mercê de práticas perigosas para a sua saúde podendo levar à morte.Cerca de 500 mulheres morrem diariamente no mundo decorrente de procedimentos abortivos mal sucedidos. Cerca de 1,25 milhão de mulheres abortam anualmente no Brasil, o que significa dizer que todas elas estão em situação de risco, seja pelas práticas perigosas, seja por estarem sujeitas a serem condenadas a prisão pelas leis que criminalizam o aborto.

Junte-se a nós!

Estaremos nos Arcos da Redenção!

as 14 terá Aula pública sobre aborto e depois estaremos dando continuidade às atividades!

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#Somostodasclandestinas

Ações Feministas em POA – Mês de março mês de Luta

Informando algumas ações feministas importantes feitas na cidade de Porto Alegre no mês de luta das mulheres!

///Pelo dia 8 de março, as Mulheres Libertárias em Luta (coletivo formado por mulheres vindas de diferentes grupos) *mais uma vez modificaram os nomes de ruas por nomes de algumas mulheres que foram perseguidas, assassinadas e torturadas pelo regime militar na América Latina, trazendo este ano a memória dos 50 anos do golpe militar que não esqueceremos e não perdoaremos.

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Claudia Silva Ferreira também foi lembrada na ação por ter sido vítima da brutalidade da polícia militar cada vez mais acentuada nas favelas, Claudia foi baleada e arrastada pela viatura policial por 250 metros e não sobreviveu, no dia 16 de março deste ano.

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Também houve colagem pelas ruas da cidade deste cartaz!

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Nossos corpos não estão em Jogo!

//Na noite de 28 de março um grupo de mulheres entrou no Bar Opinião e pixou todo o banheiro, esta foi uma ação em solidariedade à Vanessa Ventura que foi agredida por um segurança desta casa noturna escrota. Vanessa entrou no banheiro com um amigo, ao sair da cabine ela viu um segurança ali dentro. Ela achou que o segurança iria reclamar com ela de ter entrado com o seu amigo, porém o que se sucedeu foi que o segurança pôs a mão por baixo da saia dela, ela reagiu e deu um tapa no segurança que segurou a cabeça dela e bateu contra a parede. Ela saiu do banheiro correndo e gritando por ajuda mas foi impedida por outros seguranças, em suas próprias palavras:

“Saí do banheiro apavorada, gritando pra todos o que aconteceu e, com os amigos que esperavam ali fora,tentamos ir atrás dele. Os seguranças, para nossa surpresa, começaram a nos barrar, acobertando o ocorrido, nos impedindo de alcançar o agressor e de nos comunicarmos com um responsável pela festa e/ou estabelecimento (para que fossem tomadas devidas providências)”.

Sendo assim em solidariedade e resposta o banheiro do bar ficou assim:

 

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Na mesma noite rolou o escracho na frente da festa “Selva” que estava acontecendo no bar Caribe, O escracho rolou pois a divulgação da festa foi feita com cartazes misóginos e racistas. Leia a carta de denúncia.

Abaixo um dos cartazes de divulgação da festa com uma mulher branca pintada de preto para caracterizar uma mulher negra “selvagem”:

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* ano passado algumas ruas de Porto Alegre também amanheceram com nomes de mulheres feministas, lutadoras, sobreviventes.
http://mulhereslibertariasemluta.blogspot.com.br/

 

Autonomia no Transporte – 17.08.13

Hoje mais um sábado sobre autonomia no Espaço Deriva. Estará rolando um bate papo sobre autonomia no transporte.

Alguns assuntos a serem abordados:

– Alternativas de mobilidade

– Bicicleta : autonomia e independência; interação com a cidade e as pessoas; impacto no meio ambiente.

– Resistência Política

– Carrocentrismo

– Marginalização da bicicleta

– Bicicleta e divisão de classes

– A bicicleta como ferramenta feminista:

* Independência

* Segurança

* Capacitação

* Mulher no século XIX, utilizando a bicicleta,  saindo da esfera doméstica e privada para ir as ruas e deixar de ser o apêndice do homem. Luta das mulheres contestada pela sociedade onde eram também ridicularizadas por serem consideradas masculinizadas. Questionamento da feminilidade, das mulheres em grupos, da lesbianidade. Vestimenta desapropriada para mulheres, dificultando emancipação.

* Liberdade

* Auto- confiança

Hoje, 17 de agosto às 17h no espaço Deriva que fica na Ramiro Barcelos 1853. [POA]

 

Feminismo Autônomo- Reflexões hoje, as 17h!

Hoje as 17h estará acontecendo o debate sobre autonomia no feminismo, fazendo parte do Ciclo da Autonomia no Espaço Deriva.

Algumas das questões que estarão sendo trazidas ao debate são:

-Perspectiva autonomista do feminismo em contraponto ao feminismo institucional.

-Feminismo e Anarquismo:

*como traçar objetivos comuns para ambas as lutas.
*Resistência às ideias feministas no meio anarquista.
*Discriminação e Violência em espaços libertários.

-Necessidade de espaços feministas exclusivos:  resistência que encontramos para nos organizarmos neste sentido e suas razões.

-Apropriação do feminismo por homens:  protagonismo de homens no feminismo e processos colonizadores.

-Autonomia sobre nossos corpos: aborto e propriedade.

Além destes tópicos o debate é aberto a todos coletivos e mulheres que quiserem trazer suas propostas para construirmos juntas esta parte do ciclo.

O Espaço Deriva fica na Rua Ramiro Barcelos 1853.

 

Exibição do filme Moolaadé – 18.jun

Moolaadé ( proteção mágica) é um filme  de  2004 dirigido por Ousmane Sembène. O filme trata sobre Mutilação Genital Feminina (MGF), uma prática comum em muitos países da África e Ásia. Um tipo de MGF envolve cortar e  fechar a vagina deixando uma abertura apenas para saída de urina e sangue. A mutilação não acaba na infância, pois no dia do casamento as mulheres sofrem nova cirurgia dolorosa, onde cortam o tecido costurado para possibilitar o coito. Os familiares dizem que este “selo” é a garantia de que suas filhas não façam sexo antes do casamento e protege a honra da família. Além da infibulação (nome dado a este tipo de mutilação), também é comum a prática da remoção do clitóris para impedir o prazer sexual. O filme tem uma postura firme contra estas práticas contando a história de uma mulher de uma vila em Burkina Faso, que usa moolaadé para proteger um grupo de meninas. Ela confronta os moradores da vila que acreditam que a MGF é uma “purificação”.

A exibição do filme é às 19h nesta terça feira 18 de junho no Espaço Deriva, que fica na rua Ramiro Barcelos, 1853.

Organização: Ação Antisexista

 

 

Bate Papo sobre a Marcha das Vadias e exibição do filme Monster- no Espaço Deriva

Em continuidade pelo mês de luta das Mulheres, nesta semana a Ação Antisexista, estará com duas atividades no Espaço Deriva. Hoje, terça feira 19, faremos leitura e debate sobre o zine “Considerações sobre a Marcha das Vadias e outros textos”, e na quinta feira, 21, terá a exibição do filme Monster. A prostituição é assunto em ambas atividades. Bom momento para discutirmos o que é ser uma “prostituta de verdade”…sobre as violências contra as mulheres e a misoginia implicada nestas violências.

Terça-feira, 19/março : Leitura e debate do zine Considerações sobre a Marcha das Vadias e outros Textos. 19h.

Quando surgiu a Marcha das Vadias eu fiquei um pouco confusa: eu me revoltei contra a declaração do policial canadense como todas as mulheres que criaram a Slutwalk, mas eu achei a estratégia bem falha em vários sentidos, coisa que eu explico em dois textos desse zine. O primeiro texto que escrevi, Considerações sobre a Marcha da Vadias, comecei em novembro de 2011, depois de um diálogo virtual com uma amiga que estava vivendo em outro país. Eu comecei a escrever a resposta e isso acabou se tornando um texto sobre o assunto. Eu fiquei muito tempo em cima do texto, mas não consegui concluir na época… deixei o texto de lado. Isso se deu porque eu via muita dificuldade em abordar e organizar todas as questões que envolviam o assunto, em função de sua complexidade e pela dicotomia que foi criada entre liberação e moralismo. As pessoas não queriam discutir sobre a estratégia adotada pela Marcha das Vadias. Talvez muitas de nós chegaram a pensar em reconstruir as estratégias, pois havia uma intenção de contestarmos também o ponto de vista machista do policial canadense, e não só dele. Mas a Marcha já tinha sido criada e não sofreria mudanças, ao perceber isso não me engajei. Retomei o texto este ano também fruto de diálogo sobre o assunto e da tradução dos textos de Rebecca Mott. das quais participei.

Este zine explica um pouco os pontos de vista que criticam as estratégias da Marcha das Vadias. É um compilação de dois textos da escritora feminista radical e sobrevivente de prostituição Rebecca Mott., e dois textos meus.

Rebecca Mott. como ex-prostituta nos traz seu ponto de vista, fruto de sua vida cheia de abusos e violência no passado. É impossível ficarmos alheixs ao que ela coloca. A violência contra uma é a violência contra todas, e o que Rebecca escreve é reflexo das violências das quais passou. Existe a ideia de quando uma mulher sofre violência, seu relato e opinião por serem frutos de trauma são deslegitimados, como se não houvesse racionalização, reflexão e elaboração no pensamento. Eu penso essa ser uma forma de reproduzir a desvalorização das ideias que as mulheres têm. Eu penso essa ser uma forma de supervalorizar o pensamento cientifico em detrimento do conhecimento adquirido por vivência.

Enila Dor, novembro de 2012.

Quinta-feira, 21/março: Exibição do filme Monster seguido de bate-papo. 19h.

Filme da diretora Patty Jenkins, 2003, 109min. O filme é baseado em parte da vida de Aileen Wuornos, mulher prostituída executada pelo Estado que a considerou como uma assassina em série, apesar de Aileen ter alegado legítima defesa, evidenciando como o Estado reprime e criminaliza a auto defesa das mulheres. O filme é ao mesmo tempo brutal e sensível, tocando também sobre sororidade e lesbianidade.

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Chamada para ato público – 8 de março é luta!

8 de março é dia Internacional da Mulher, porém não é dia de comemoração e sim dia de luta! É dia para refletirmos sobre as opressões que nós mulheres somos submetidas e manifestarmos nosso descontentamento.

Estaremos amanhã reunidas nos manifestando no Largo Glenio Peres às 17h.

Venha para a luta!

Leia mais sobre aqui panfleto8março

 

Espaço Deriva: Documentário

Nesta quinta feira 21/02, o filme “RESIDENZPFLICHT” estará sendo apresentado no Espaço Deriva. O documentário será exibido as 19h seguido de um bate papo com a diretora Denise Garcia Bergt e Santiago Rodrigues. O filme está bastante em sintonia com uma nova onda de marchas e protestos na Alemanha protagonizados por imigrantes, em resposta a perseguição que vêm sofrendo.
Seguem informações e links para você saber mais!

“RESIDENZPFLICHT” documentario, 69min, video, 2012/Berlin

Direçao: Denise Garcia Bergt  Fotografia: Cassiano Griesang

Alemanha, o processo de asilo ainda está em andamento e todo refugiado deve permanecer em seu distrito de residência. Para sair, deve pedir permissao ao escritorio local de imigraçao. Visitar um outro distrito sem autorizaçao implicara multa ou prisao por ate 1 ano. Residenzpflicht (residência obrigatória) é o nome da lei que restringe, humilha e isola toda a pessoa que pede asilo na Alemanha.

Exibiçao do documentario e conversa com Denise Garcia Bergt e Santiago Rodrigues.
site do filme e trailer: http://residenzpflichtdoc.com/
Entrevista em ingles (abaixo da versao em alemao): http://www.migration-boell.de/web/migration/46_3289.asp
Links:
The Voice Refugee Forum: thevoiceforum.org
The Caravan for the rights of refugees and migrants: thecaravan.org

www.residenzpflichtdoc.com

 

Estratégias de mobilização Anarquista Feminista na 3ª FLAPOA

Hoje no segundo dia da 3ª FLAPOA além da exposição de materiais anarquistas e feministas durante todo o dia, seguem as oficinas e bate papos, filme e intervenções artísticas, confira toda a programação no site da feira flapoa.deriva.com.br/

Às 19h rola um bate papo, somente para mulheres:

Estratégias de mobilização Anarquista Feminista
Propostas para construção de rede anarquista e feminista, bate papo sobre novas (e velhas) táticas de ação, mobilização e propagação das idéias anarquistas em uma perspectiva feminista.