Campanha Março de Lutas Pela Vida das Mulheres encerra com uma live hoje!

Hoje tem Live da FrePLA às 19:30h respondendo dúvidas e perguntas sobre o tema aborto, informando os direitos reprodutivos e sexuais das mulheres. A live encerra a campanha Março de Lutas Pela Vida das Mulheres. Uma campanha de ações variadas (veja aqui e aqui) ao longo de todo este mês de luta feminista.

O dia 31 de março marca a data do golpe militar de 64, hoje há 57 anos atrás. Na conjuntura atual estamos vendo o atual governo do país fazer um revisionismo histórico, ao tentar tornar a data um motivo para comemoração. Não temos nada a comemorar de um período de perseguição política, tortura e assassinatos. Muitas foram as mulheres vítimas dessa perseguição e das violências de um regime que durou duas décadas.

Hoje estamos vendo crescer uma onda conservadora que ataca especialmente e a todo instante os direitos das mulheres. No congresso 80% dos projetos apresentados sobre o tema aborto propõem endurecer ainda mais a legislação brasileira quanto a interrupção da gravidez. A tendência é retirar direitos já conquistados e impedir o avanço de direitos fundamentais das mulheres.

A luta pela descriminalização de mulheres e legalização do aborto sempre foi uma pauta feminista central, ou deveria ser. No momento é extremamente necessário que intensifiquemos esforços para garantir os direitos para todas as mulheres.

Live hoje 31 de março às 19:30h
@freplars

Live Março de Lutas Pela Vida das Mulheres – 31.03

Precisando, procure um hospital de referência


A campanha Março de Lutas Pela Vida das Mulheres da Frente Pela Legalização do Aborto RS, finaliza com uma live amanhã dia 31 de março. Fizemos uma campanha forte de ações variadas nas redes e nas ruas. Por causa da pandemia, nossas ações de rua foram elaboradas para que informações importantes sobre os nossos direitos chegassem até as mulheres com o Carro do Óvulo – um carro de som que informa nossos direitos reprodutivos e sexuais – e através dos painéis virtuais veiculados nas bancas de Porto Alegre. Além de informativa a campanha foi convocatória, convidamos as mulheres a trazerem suas dúvidas sobre os nossos direitos reprodutivos para serem respondidas nessa Live amanhã. Teremos mulheres que atuam na pauta para responderem as questões que nos foram trazidas ao longo desta campanha. Venha tirar suas dúvidas, participe!

Reivindique seus direitos
A criminalização do aborto força as mulheres à clandestinidade arriscando suas vidas

  • Live Março de Lutas Pela Vida das Mulheres
  • Sobre os nossos direitos reprodutivos e sexuais – respondendo suas dúvidas
  • Nesta quarta dia 31 de março às 19:30h
  • @freplars

Março de Lutas Pela Vida das Mulheres – Painéis virtuais em POA

Campanha da FrePLA Março de Lutas Pela Vida das Mulheres com ações variadas durante todo este mês.

A Frente Pela Legalização do Aborto RS está veiculando durante o mês de março painéis virtuais em algumas bancas da cidade de Porto Alegre. Comunicando às mulheres sobre os nossos direitos reprodutivos e sexuais. Combatendo a desinformação e os ataques aos nossos direitos. Você sabia que o aborto é um direito pelo SUS? No Brasil o aborto é um direito em caso de violência sexual, risco de vida da mulher gestante e feto anencéfalo. Você pode procurar um hospital de referência e perguntar pelo direito ao aborto legal. A Frente Pela Legalização do Aborto RS luta pela vida de meninas e mulheres. No dia 31 de março faremos uma live para falar e tirar dúvidas sobre o tema aborto. Venha conversar com a gente, participe!
@freplars

Imagem do Painel virtual com veiculação em bancas de POA

Imagem do Painel Virtual da FrePLA

Painel Virtual FrePLA

Atenção Zona Norte de POA: O Carro do Óvulo vai passar na sua rua!

📣 ATENÇÃO PORTO ALEGRE:
CENTRO E ZONA NORTE

Amanhã, 20 de março, a partir das 10h, O Carro do Óvulo que tá dando o que falar pelo país, vai passar na sua rua! Fique atenta!

O Carro do Óvulo é um carro de som que passa pelas ruas de Porto Alegre comunicando à população dos direitos reprodutivos e sexuais das mulheres. Em tempos de pandemia esta é a forma que a FrePLA encontrou de levar até as mulheres informações úteis de como acessar o aborto legal de forma segura e gratuita, e de como proceder em casos de violência sexual. Também é nossa intenção dialogar com a população, nos fazendo presentes e informando como nos contatar em caso de dúvidas. Estaremos respondendo às dúvidas e perguntas que surgirem durante todo mês de março numa live e nas nossas redes. Março de lutas pela vida das mulheres! Entre em contato com a gente por fb e insta: @freplars, whats: 51(99478-9399, e-mail: rs.frepla[at]gmail.com

O carro do óvulo vai passar na sua rua! Março de luta das mulheres! ♀

📣 ATENÇÃO PORTO ALEGRE:
CENTRO E ZONA SUL
Hoje 13 de março, a partir das 10h O CARRO DO ÓVULO vai passar na sua rua!!!
O carro do óvulo é o carro de som que fala sobre os direitos reprodutivos e sexuais das mulheres.
🌿Fiquem atentas!🌿

É pela vida das mulheres!

Março de luta pela vida das mulheres!
FrePLA

A Característica Própria da Luta das Mulheres

Nos últimos anos o Dia Internacional de Luta das Mulheres em Porto Alegre, tem sido marcado por abranger pautas mais genéricas que afetam toda a população. Porém o feminismo precisa junto as pautas que escolher reivindicar, focar nas especificidades que as mulheres enfrentam.

O contexto político sempre vai afetar direta e duramente a vida das mulheres, através de leis, das estruturas sociais, relações de trabalho, políticas e infraestruturas deficientes para atenderem os problemas específicos de mulheres e pelo discurso presente. Como a estrutura é patriarcal, fundamentada na perspectiva de dominação masculina – e isso ocorre em todo canto do mundo- o que nós mulheres enfrentamos como consequência dessa ordem, são as violências específicas contra mulheres, os direitos negados e usurpados, negligência à nossa saúde, nossas vidas sob controle no mais íntimo de nossos seres. As formas diversas de como nós mulheres somos atacadas pelas violências masculinas tem um significado de violência bem específico – estupros, espancamentos, abusos, controle, ameaças, perseguição, feminicídio. Dizer não, pode ter como resposta uma agressão ou assassinato. O que significa igualdade quando tal direito básico humano é negado? O que significa autonomia quando nem mesmo uma escolha sobre si mesma é respeitada? Para nós mulheres o conceito de direitos humanos e autonomia têm completamente outra concepção da dos homens. Nossa percepção destes conceitos é diferente da percepção dos homens, não sabemos o que significam direitos humanos e autonomia do ponto de vista masculino. Para nós direitos humanos são aquilo que os homens já têm. Para nós, direitos humanos são os direitos concedidos aos homens – por homens. Não são todos os homens que têm os mesmos direitos, mas todos têm direitos diferentes de mulheres por serem homens. Por isso Igualdade de Gênero significa para o feminismo termos direitos que são apenas garantidos aos homens. Verdade é que o feminismo luta por abolir o conceito de gênero, porque nele estão incutidos os papéis desiguais entre a classe masculina e a feminina. Isso difere porém, das políticas identitárias, que promovem a criação de vários gêneros sem no entanto solucionar o problema dos estereótipos de gênero, que pelo contrário, são reforçados quando se assumem símbolos de feminilidade e masculinidade para suas autodefinições. A ressignificação do termo gênero acaba dando continuidade a negação dos direitos das mulheres quando rejeita, despreza ou minimiza a realidade biológica. Muitas vezes nossa luta é apropriada por setores que se consideram progressistas ou revolucionários. O que o feminismo diz é que gênero é a noção de que as mulheres são subalternas aos homens, é a divisão dos dois sexos em dois gêneros para garantir a supremacia masculina. Dividir em diversos gêneros os dois sexos não elimina a divisão sexual na sociedade que abrange todas esferas sociais.

A luta feminista não pode perder sua especificidade, se diluir até o ponto que perca seu sentido de existir- a não ser que não se precise mais dela.

Quando as pautas do Dia Internacional de Luta das Mulheres são genéricas sem enfatizar na diferenciação do que é ser mulher de ser homem na sociedade, a gente acaba contribuindo com o princípio de que a nossa luta é de segunda ordem. Não podemos reproduzir o desprezo das nossas realidades, pois é desprezar nossa existência.

É importante que se a gente fala em saúde a gente fale em saúde da mulher, não porque a gente não queira saúde pra todo mundo, mas porque a saúde não é absolutamente nem um pouco igual para homens e mulheres. O aborto é uma questão de saúde pública, e somos nós as mulheres que somos punidas ou mortas em decorrência da criminalização do aborto. No momento atual, o lobby antiaborto procura criar constituições estaduais com o objetivo de acabar com o aborto legal – os três casos em que o aborto é permitido no país: em caso de risco de vida para a mulher, quando a gestação é resultante de um estupro ou se o feto for anencéfalo. Este é o próprio contexto político atual, se é para falarmos no contexto que estamos, é mais que pertinente que no Dia Internacional de Luta das Mulheres se destaque isso. O esforço em retirar o direito das mulheres ao aborto já legalizado é uma das maiores ameaças que metade da população está sujeita, – na verdade um pouco mais que metade, segundo dados do IBGE de 2018, 51,7% é a população de mulheres no país, enquanto a de homens é de 48,3%. Já no congresso as mulheres representam apenas 15%, onde a elaboração e aprovação de leis, incluindo as do aborto, são feitas majoritariamente por pessoas que nunca ficarão grávidas nas suas vidas – os homens. Ainda falando em saúde, as pesquisas médicas por serem focadas em homens resultam com que as mulheres tenham menos remédios e tratamentos desenvolvidos, o que por sua vez é um risco à saúde e à vida de mulheres. Há uma negligência aos problemas biológicos específicos das mulheres, assim como aos efeitos adversos e dosagens inadequadas, com consequências terríveis para mulheres. Obviamente que a reivindicação por saúde no Brasil, se refere principalmente às populações mais pobres, do acesso à saúde, porém uma coisa não exclui a outra, ou melhor, no caso das mulheres exclui, pois as mulheres mais pobres, a maioria negra, sofre com a intersecção destes fatores (incluído o de ser mulher).

Quando nós feministas falamos em empregos, temos que apontar que as mulheres ainda ganham menos que os homens, segundo levantamento do IBGE em média 20,5% menos. A pesquisa mostra também que as mulheres dedicam mais tempo aos cuidados de pessoas e afazeres domésticos, são 18,1 horas por semana, enquanto os homens dedicam 10,5 horas semanais. A dupla jornada de trabalho, além de indicar que as mulheres gastam mais tempo com o trabalho não remunerado, faz com que as mulheres aceitem trabalhos mais precários. É verdade também que por dedicarmos mais tempo ou tempo integral no cuidado das pessoas, que as condições de educação dos nossos filhos e de emprego dos homens da nossa família, assim como a saúde de todos estes, são importantes para nós. Mas no dia de luta das mulheres é imprescindível que se destaque como se dão as questões de emprego, saúde e de educação das mulheres.

É importante que o 8 de março sempre reforce o que significa ser mulher nos diversos âmbitos sociais. As pautas que o movimento feminista escolhe têm sempre que enfatizar bem definidamente o ponto de vista das mulheres na sociedade. De outra forma se parecem mais como pautas da esquerda masculina, a impressão que se tem é que quando se opta por uma forma mais genérica de abordagem é justamente para não causar nenhum desconforto aos homens. É compreensível já que o movimento feminista é constantemente atacado por várias frentes, tanto a direita como a esquerda confluem quando diminuem a relevância da nossa luta. É compreensível que diante a tantos ataques e retrocessos, as mulheres queiram o apoio dos homens que elas julgam estarem do seu lado, porém este apoio nunca deve ser buscado como algo primordial, os homens podem ser aliados sem que sejam protagonistas ou agraciados.

aline rod.

[Repost] Chegamos no Dia internacional da Mulher

Chegamos no Dia Internacional da Mulher
sem que saibam o que é ser uma
sem que saibam de onde vem nossa opressão
outros protagonistas mais uma presunção
chegamos no dia internacional da mulher
e não querem saber como chegamos aqui
nem como sobreviveram nossas antepassadas
terem nos gerado é irrelevância
melhor quando esquecidas na sua insignificância
chegamos no dia internacional da mulher
o que fizeram não pode ser lembrado
e antes que o conhecimento seja repassado
deem um jeito dele junto ao corpo ficar soterrado
chegamos no dia internacional da mulher
nosso engenho é renegado
nosso sangue é derramado
nosso útero é desprezado
mas tem valor para ser alugado
chegamos no dia internacional da mulher
e ser mulher é uma roupa
ou fetiche
uma sensação matinal
que pode mudar no meio da tarde
ao estender uma roupa de baixo no varal
chegamos no dia internacional da mulher
e nosso corpo é tabu
é “biologia terf”
é biomedicina
é experimento
é xyz com vitamina
chegamos no dia internacional da mulher
e eles são comemorados
e o homem neste dia é situado
para garantir que ele sempre seja o primeiro colocado
chegamos no dia internacional da mulher
e nosso futuro é incerto
nossa esperança é abalada
mas quem se importa com gente desatualizada
chegamos no dia internacional da mulher
e a mais antiga opressão chamam de profissão
é capital é diversão
o poder tá na mão
o prazer está na exploração
chegamos no dia internacional da mulher
ela tá tentando escapar mas ninguém a nota
a quem interessa afinal
é só mais uma mulher morta
chegamos no dia internacional da mulher
o dia da arca de noé não esqueçam
é dia de salvar todas espécies que apareçam
porque afinal hoje é o dia de quem quiser

aline rod

Escrito e publicado pela primeira vez em março de 2018. http://acaoantisexista.com.br/chegamos-no-dia-internacional-da-mulher/

Dia Internacional de Luta das Mulheres – Atividades em Porto Alegre

Aviso da FrePLA sobre as atividades pelo 8 de Março organizadas por diversos grupos de mulheres.

Dia 9, na segunda – feira, a Frente Pela Legalização do Aborto RS, estará presente na frente do Mercado Público junto a vários outros grupos de mulheres à partir das 14h. Estaremos distribuindo panfletos e conversando com a comunidade.

levarei material da Ação Anti Sexista e estarei junto ao gazebo da FrePLA.

Reuinião Organizativa do 8 de Março – 29.01.20

Acontecendo hoje em Porto Alegre a segunda reunião organizativa do 8 de março deste ano.

Aberto para Mulheres e organizações de mulheres que tiverem interesse em participar da organização.

Reunião Organizativa pelo 8 de março de 2020 dia 29/01 às 18:30h na Rua da República 92.

8 de Março 2019 – POA

8 de Março –

Dia de referência rumo a nossa libertação. É importante lembrar a cada 8 de março que temos muita luta pela frente.

Os atos no país trazem pautas do contexto político atual, em Porto Alegre o ato será unificado e os temas escolhidos são: Contra a Reforma da Previdência; Basta de Feminicídio; Aborto Legal, Já; Justiça para Marielle.

As atividades serão no Largo Glênio Peres em frente ao Mercado Público.

Às 7:30 abre com Feira Orgânica da Reforma Agrária e às 8h o café da manhã. Depois começam os painéis sobre os temas escolhidos.Vai ter microfone aberto para mulheres que queiram dar o seu recado.Às 17:30 concentração para a caminhada que sairá da esquina democrática às 19h. A Frente Pela Legalização do Aborto fará uma das falas durante o percurso.

Estarei com material da Ação AntiSexista no gazebo junto as companheiras da Frente Pela Legalização do Aborto.

Chegamos no Dia Internacional da Mulher

Chegamos no Dia Internacional da Mulher
sem que saibam o que é ser uma
sem que saibam de onde vem nossa opressão
outros protagonistas mais uma presunção
chegamos no dia internacional da mulher
e não querem saber como chegamos aqui
nem como sobreviveram nossas antepassadas
terem nos gerado é irrelevância
melhor quando esquecidas na sua insignificância
chegamos no dia internacional da mulher
o que fizeram não pode ser lembrado
e antes que o conhecimento seja repassado
deem um jeito dele junto ao corpo ficar soterrado
chegamos no dia internacional da mulher
nosso engenho é renegado
nosso sangue é derramado
nosso útero é desprezado
mas tem valor para ser alugado
chegamos no dia internacional da mulher
e ser mulher é uma roupa
ou fetiche
uma sensação matinal
que pode mudar no meio da tarde
ao estender uma roupa de baixo no varal
chegamos no dia internacional da mulher
e nosso corpo é tabu
é “biologia terf”
é biomedicina
é experimento
é xyz com vitamina
chegamos no dia internacional da mulher
e eles são comemorados
e o homem neste dia é situado
para garantir que ele sempre seja o primeiro colocado
chegamos no dia internacional da mulher
e nosso futuro é incerto
nossa esperança é abalada
mas quem se importa com gente desatualizada
chegamos no dia internacional da mulher
e a mais antiga opressão chamam de profissão
é capital é diversão
o poder tá na mão
o prazer está na exploração
chegamos no dia internacional da mulher
ela tá tentando escapar mas ninguém a nota
a quem interessa afinal
é só mais uma mulher morta
chegamos no dia internacional da mulher
o dia da arca de noé não esqueçam
é dia de salvar todas espécies que apareçam
porque afinal hoje é o dia de quem quiser

 

aline rod

Chamado – Greve Geral de Mulheres – 8M 2017

O Patriarcado data de no mínimo cinco mil anos de diferença do capitalismo. O antecede.
Logo, com o fim do capitalismo não está garantida nossa libertação. Ela não se dará automaticamente.

Ao constatar isso eu entendi o que é ser feminista. Ser feminista é viver numa luta sem fim, porque ser mulher já é viver numa guerra. Mesmo que a gente não perceba, mesmo que a gente reproduza comportamentos que corroboram com o patriarcado, é exatamente isso que estaremos fazendo: contribuindo com o patriarcado a nos explorar e oprimir. Quando nós mulheres reproduzimos esses comportamentos nós não somos beneficiadas. As únicas pessoas beneficiadas serão os homens, mesmo os que negam o benefício, porque eles podem ser beneficiados mesmo que não queiram, assim que precisarem ou decidirem que tal momento se faz necessário que se utilizem do benefício.

Ser feminista acima de tudo é aprender a estar só. Uma feminista sempre vai invariavelmente estar só numa parte da sua vida ou por toda ela. Eu falo de só de verdade. Até que ela vai encontrar outras mulheres que estão igualmente sós e ela vai aprender o que é o amor entre mulheres, o que é valorizar uma amiga, dar abertura para uma desconhecida. Inevitavelmente esse agora grupo de mulheres vai se deparar constantemente com rechaço, vai ter que explicar o porquê de sua existência e importância, vai ter que se explicar em casa também. Inúmeras vezes você vai se ver entrando e saindo de grupos que não conseguem se manter porque existe muita pressão para que esses grupos acabem. A pressão pode se dar de forma direta ou indireta. Uma pressão direta é o grupo receber fortes críticas pela forma como atua, geralmente colocada por um grupo de homens ou outro grupo com outro interesse político, ou ainda, ser atacado. Uma pressão indireta vai se dar no âmbito privado, que vai dificultar seu engajamento com suas companheiras feministas. A pressão indireta também se subdivide, ela pode acontecer, por um familiar ou parceiro que pode questioná-la do porquê do envolvimento dela com o feminismo, como por um parceiro ciumento, abertamente ciumento, e o grau de pressão aqui vai se subdividir de novo entre os ciumentos mais brandos até os mais violentos. Já a outra forma de pressão indireta é aquela que não lhe dará tempo para que se engaje ou afetará o seu grau de engajamento porque ela cuida da filha, ou dos filhos, ou da mãe ou do pai, do avô, da sobrinha, da tia, ou dos afazeres domésticos, além de trabalhar ou de ter outras responsabilidades. A desistência ou falta de engajamento com o feminismo também se dá pelo medo de ser abandonada ou ostracizada.

Eu escrevo agora as duas e meia da madrugada depois que eu consegui cumprir com meus outros prazos. Essa não é uma informação relevante em si mesma não fosse pelo fato de ter percebido a uns momentos atrás que quase desisti de escrever porque eu to cansada.
Mas eu sei que eu to mais cansada de como o patriarcado afeta minha vida e de todas as mulheres. Eu to mais cansada de lutar diariamente desde que nasci. E também eu não desisti de escrever esse chamado, porque eu decidi lá bem atrás no meu caminho, que essa luta é uma responsabilidade minha, eu escolhi assim, dentro das minhas opções de escolha, que também não me parecem ser bem caracterizadas como escolha.

Eu amanhã, ou, hoje logo mais, estarei me encontrando com minhas amigas e com outras mulheres feministas ou não. Eu irei nesta ou naquela atividade. E eu estarei as 17h na Greve Internacional de Mulheres por todas essas razões que eu coloquei aqui.
Se isso é um erro para alguns, eu vou ter tentado.
Nenhuma pessoa ou entidade é dona da Greve ou sozinha a representa, se existe tentativa de cooptação por grupos, ela deve igualmente ser combatida.

Vem, vamos tentar juntas, mais uma vez e para todo sempre, até que alcancemos a vitória, mesmo que isso só aconteça quando já não estivermos mais aqui.

Aline Rodrigues