Primeiro me trataram diferente.
Eu segui com a esperança que só é possível uma criança ter.
Depois foram trabalhando em minar minha autoestima.
Eu segui com a confiança abalada mas segui.
Logo mais percebi que minha segurança e integridade estavam em risco.
Eu segui desconfiada e mudei minha percepção das coisas mas segui.
Então sofri o primeiro abuso. O segundo e os que mais se sucederam. A violência e a humilhação que as mulheres sofrem por terem nascido mulheres. Porque existe uma cultura de ódio às mulheres. E eu segui já com meu coração apertado e meu sono interrompido.
Em constante estado de alerta.
Minha esperança mudou de parâmetro, já não era mais na humanidade, minha esperança passou de acreditar nas pessoas para lutar pelas mulheres. Na esperança de que um dia nos libertaremos.
Então passaram a me dizer que eu estava muito focada no “meu problema”. Mas não é “um problema”. Nem meu. O nome disso não é “problema”, é patriarcado – dominação exercida pelos homens – que oprime e explora as mulheres. A dominação masculina beneficia apenas os homens. Quer eles queiram, quer não.
Apesar de que deste homem que não quer, que acredita não querer, não nos é possível saber realmente o quanto ele não quer o benefício. Porque ele fala de um ponto de vista onde lhe é tudo garantido.
aline rod.